Sunday, November 26, 2006

VoU esquecer tudo o que aconteceu ontem e vou acordar a cada dia como um novo ser recém nascido...

Meus queridos filhos,
Como vão vocês? Como foi a semana?
Aqui esta tudo bem, graças a Deus. E o clima esta refletindo esse bem estar... Apesar de isso não ser normal aqui, nesta época do ano, temos tido dias ensolarados que fazem com que os canadenses se abram um pouco mais `a natureza, seus ritmos e suas lições. Eles não são maus, mas t^em uma dificuldade muito grande de parar para contemplar o que a Vida tenta lhes dizer. Vivem para o trabalho e, mesmo nos finais de semana, arrumam alguma desculpa para retornar ao ambiente de trabalho. Acho que eles não conseguem parar porque se o fizessem perceberiam a inutilidade de toda essa correria. Eles correm de um lado para o outro como se fossem pobres miseráveis e não tivessem o que comer.
Na verdade, eles são muito pobres. Quase sempre quando ligo o radio, consigo sintonizar uma estação que veicula programas relacionados a intuição, espiritualidade, vida depois da morte, essas coisas. Em geral, as entrevistas manifestam essa dificuldade deles. Os entrevistados são usualmente pessoas que viveram em paises latinos e que percebem essa falta de perspectiva de vida quando retornam ao Canadá. Uma delas, uma escritora que viveu muitos anos nos Brasil, chegou a taxa-los de frios pois não conseguia se adaptar ao fato de as pessoas não se beijarem aqui. Quando a gente encontra alguém aqui, no maximo, a gente estende a mão e pronto. Entretanto, o problema não e apenas a falta de afetividade demonstrada. Eles são tão tímidos que fazem tudo para que as pessoas, nos vários ambientes, consigam ter toda a informação necessária sem precisar de perguntar nada a ninguem, de conversar, de entrar em contato umas com as outras.
Por exemplo, aqui na universidade tudo e organizado para que não se precise conversar com ninguém para conseguir as coisas. So em ultimo caso, quando não se consegue alguma informação, e que se entra em contato com os funcionários. Então o alto nível de organização, funciona como uma barreira para que as pessoas se não se aproximem umas das outras, para que as pessoas não se comuniquem. E quando isso acontece eles podem ser ate advertidos. Percebi isso, logo que cheguei. Naquela época, eu ia todo dia ao Media Commons (uma espécie de centro audiovisual) para assistir aos vídeos do McLuhan; o funcionário que ficava no atendimento, percebeu meu interesse pelo autor e ficou curioso; por meio da minha identificação estudantil conseguiu saber que eu era uma pesquisadora brasileira ligada ao McLuhan Program. Varias vezes puxou conversa comigo sobre o autor e me ajudou muito com algumas dicas. Entretanto, quando passava por mim na ruas da Utoronto, desviava o olhar. Fiquei confusa ate entender que conversar na rua demonstraria uma “intimidade” pouco usual aqui. Conversar la no departamento dele era aceitável pois ele estava em serviço prestando informações. Depois de algum tempo percebi que a escala de atendimento mudou e que ele passou a ficar mais reservado. Já não puxava mais conversa. Parece que foi advertido pela chefe, uma canadense que sequer levanta os olhos para atender aos usuários. Meus filhinhos, os funcionários nem usam os banheiros que os usuários das bibliotecas usam para evitar contatos. Mamãe esta tendo de fazer um grande esforço para se adaptar a esse novo ambiente.
Tudo isso faz com que eles pareçam pessoas extremamente frias e não acreditem em realidades que não podem ser provadas, que não podem ser pesquisadas. Para que se consiga respeitabilidade aqui a gente tem de fazer pesquisa para provar o ponto de vista da gente. Do contrario, ninguém acredita em você. Então, temas ligados a intuição, `a espiritualidade não tem muita aceitação. Mais que isso, as questões ambientais aqui, facilmente verificáveis so pela observação pura e simples, apesar de serem perceptiveis so são aceitas quando verificadas cientificamente. Muito mais que ai no Brasil, as modificações climáticas são visíveis pelo fato de estarmos bem próximo do Pólo Ártico. Isso quer dizer, que com o aquecimento do planeta, as geleiras de la estão se derretendo e a possibilidade de inundações futuras e ate do desaparecimento de grande parte deste pais são facilmente previsíveis. Mesmo assim, os deputados ficam discutindo no Parlamento daqui a possibilidade de esses acontecimentos se realizarem ou não. Fico pensando que não vai dar tempo de eles finalizarem todas as pesquisas que estão fazendo, pois antes disso quase todo esse território vai ter desaparecido debaixo das águas provenientes do derretimento das geleiras do Pólo Ártico.
Outro dia, quase morri de rir. Aquelas coisas que na Figueira são assuntos habituais, aqui são consideradas descobertas cientificas. Ontem mesmo ouvi uma entrevista com uma diretora de uma organização ambiental que estava pedindo `a pessoas para fazerem comida em casa, ao invés de comerem na rua. A “descoberta” dela era que as comidas dos restaurantes t^em um altíssimo nível de produtos químicos usados como conservantes. Como essas substancias são cancerígenas, o câncer e algo generalizado aqui. E como uma epidemia. Essa era a “descoberta alarmante”.
Todo mundo sabe disso ai no Brasil. Pena e que as grandes cidades brasileiras fazem tudo para se aproximarem dos hábitos de paises desenvolvidos como o Canadá. O pior e que mesmo quando se faz comida em casa, a gente esta sujeitos aos altos níveis de agrotóxicos, pois a maior parte dos legumes, verduras e frutas vêem do Brasil ou de paises da América Central. E para que cheguem aqui em bom estado recebem altas dosagens de produtos químicos para suportar a longa jornada. Mas Deus vai ajudar e a Mamãe logo vai estar de volta para comer alimentos frescos e saudáveis como os daí.
Contudo, não posso perder a esperança de que a minha estada aqui não seja em vão. Estou tentando plantar no coração de cada um daqueles com que encontro uma sementinha de amor. E o PAI DO CEU tem dado `a Mamãe muitas oportunidades de fazer isso. Outro dia li no pensamento do dia que a gente so agradece a Deus pelas coisas boas que nos acontecem, não agradecemos pelas coisas “ruins”. Entretanto e atraves das coisas “ruins” que a gente pode exercitar a compaixão e o perdão. Não estou dizendo isso porque ache fácil vivenciar esses momentos. Na verdade, Mamãe tem passado por provas bem vigorosas. Mas com as provas, veem também as palavras do Julio. Ele sempre diz que depois de algum tempo eu vou rir desses acontecimentos. Na hora, eu fico com raiva; acho que ele esta me enrolando; que quer desligar o telefone rápido. Mas essa semana eu pude perceber que ele tem razão. Recebi visitas inesperadas de pessoas que me fizeram muito mal aqui em algumas ocasiões. Contudo, durante o período em que estivemos juntos pude perceber que consegui romper a barreira do rancor. Meus filhinhos, foi a primeira vez que pude perceber claramente o desenvolvimento de um processo de perdão. Foi lindo! Depois desse encontro, o sol começou a brilhar tanto dentro do coração da Mamãe que saiu para fora e resolveu aparecer la no céu so para me dizer que queria compartilhar comigo a maravilha de se viver a Cerimônia do Perdão. Depois disso, fiquei mais confiante. Acho que vou dar conta de tudo, comecei a perceber que e importante usufruir todas as ocasiões felizes que a Vida nos disponibiliza. Que não e inteligente ficar chorando de saudades de vocês quando estou sabendo que vocês estão bem, graças a Deus e que vão esperar a Mamãe da melhor forma, porque vocês são mais flexíveis, mais inteligentes que a Mamãe apesar de não terem doutorado. Que esses rótulos são todos provisórios, como são provisórias todas as experiências que a gente vive, assim com as relações que estabelecemos com os seres humanos. Já que tudo e provisório, que tal aproveitar tudo de bom que se pode retirar da situação, contribuir com tudo de bom que temos para oferecer e levantar vôo quando for a hora de partir. Parece que e essa consciência que vai permitir que a gente fique inteiro no lugar onde esta e que se va completamente quando chegar a hora de ir.
Uma vez li um livro que dizia que a morte e um aprendizado que a gente devia realizar todos os dias, a todo momento. Por isso e que tem pessoas que quando desencarnam, mudam completamente de Plano e iniciam uma outra tarefa a serviço de LUZ; outras ficam vagando entre planos sem saber exatamente para onde ir. Essas ultimas, em geral, eram pessoas muito apegadas `as coisas e `as situações e assim guardavam tanto situações de felicidade quanto situações negativas, rancores, magoas, essas coisas. Com isso, quando chegava o momento de deixar este Plano em que vivemos, estavam tão ligadas por meio desses sentimentos negativos `as suas vivencias que não conseguiam partir por inteiro. E isso pode causar muitos transtornos nos Planos Celestiais.
Alem disso, em suas próprias vidas, essas pessoas desenvolviam tumores, nódulos, câncer e outras doenças que apenas refletem o que as magoas e rancores podem causar nos corpos físicos dos seres vivos. Outro dia o Julio falou uma coisa comigo que me deixou assustada. Ele disse que se eu não perdoasse certas pessoas pelo que elas tinham me causado, eu ia sair daqui com um câncer. Fiquei uma semana sem falar com ele, mas não esqueci o que ele me disse. Ai me lembrei que, durante anos a fio acompanhei o desenvolvimento de nódulos no meu seio esquerdo. Quando o processo se estabilizou, reiniciou-se no útero e os nódulos começaram a se multiplicar espontaneamente a tal ponto que o útero teve de ser retirado. Tudo isso para que durante 20 longos anos eu conseguisse perdoar meu ex-marido e a esposa dele por tudo o que aconteceu. Durante esse tempo, eles aproveitaram a vida e foram felizes enquanto eu passava por vários tipos de cirurgia. Ai eu decidi que não vou levar um câncer deste pais por causa de rancores. Vou perdoar todo mundo. Vou esquecer tudo o que aconteceu ontem e vou acordar a cada dia como um novo ser recém nascido, pronto para começar tudo de novo, como se nada tivesse acontecido anteriormente.
Então e isso ai! Sei muito bem que vocês não acumulam rancores e que, graças a Deus, vocês foram colocados na minha vida para me ensinarem essas e muitas outras coisas! Então, gostaria que vocês pudessem levar essa lição também para outras pessoas que acham que vocês são animais irracionais, que não entendem nada e que são seres inferiores. Vocês vão fazendo esse exercício do perdão ai e eu vou fazendo o meu exercício do perdão aqui. Ai, vocês aproveitam para convidar o Tio Edimar, a Luciene, a Kellinha, a tia Maria Lucia, a tia Gislene e o tio Zeneca para jogarem esse jogo com a gente também. Ai, então, a gente vai pedindo `as pessoas para ensinarem `as outras esse jogo. E ai, todo mundo vai ficar jogando esse jogo bacana, onde todos somos vencedores porque o mundo fica muito melhor cada vez que a gente inicia uma partida. Vamos jogar a semana toda, ta legal? E ai esse sol e esse calorzinho gostoso daí, vai acabar chegando ao coração das pessoas daqui. Tomara que a Mamãe de conta do recado. Vai ser tanta gente jogando, ao mesmo tempo, não e mesmo?
Muitos beijinhos,
LUZ, SAUDE, PAZ & ALEGRIA para todos os meus filhinhos: Phoenix, Tuakinho, Mayazinho, Alphinha, Veguinha e Vênus!!!!!!!!!!!!!!!!
Ate a próxima semana!
Mamãe
Toronto, 24 de Novembro de 2006.

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